Hoje
deveria ter sido feriado nacional no Brasil. Tenho certeza de que este é o sentimento
de quase toda uma nação neste 09 de Julho de 2014. Estamos de luto! E apesar de
hoje ter sido um dia útil normal, nota-se claramente o semblante decepcionado
em nós brasileiros pela maior derrota já vista no campeonato mundial. Ou então
a inexpressividade e apatia na face de alguns que, sequer, conseguem explicar a
eles mesmos o que aconteceu para que a única seleção pentacampeã do mundo,
anfitriã do torneio, pudesse ter perdido um jogo com placar tão humilhante.
É um
sentimento estranho. Uma perda lastimável! E tudo isso em apenas um jogo...Ainda esta semana ouvi um estrangeiro me dizer “os brasileiros têm o futebol
como uma religião”, e é verdade. Vejam eu, por exemplo. Entendo lhufas e ainda
menos de futebol, mas estive acompanhando relativamente a copa, assistindo os
jogos e torcendo! E não só para o Brasil, mas, claro, para situações que
favorecessem o nosso time. Agora estou aqui me sentindo constrangida e
devastada.
Há
quem diga que foi mandinga. Há quem chame de incompetência. Para outros foi a
arrogância inerente do título exclusivo de penta. Fato é que, agora, o sonho do
hexa foi adiado para 2018 e não adianta julgar ou criticar. E essa derrota nada
tem a ver com a falta de educação ou de hospitais. Muito menos tem a ver com os
gastos exorbitantes na construção dos estádios e reforma da infraestrutura urbana
das cidades sede. Ou seja, a eliminação nada tem a ver com política! Não é hora
de retornar o discurso de que não se faz copas e sim hospitais.
Tampouco
é hora de detonar o desempenho da seleção que chegou à semifinal do campeonato.
É hora de sermos mais solidários do que críticos. Ninguém quer perder, então,
por que mudar o texto depois de um novo contexto? Se o Brasil chegasse ao hexa,
o mau desempenho da equipe não seria questionado por nós, afinal, seríamos
vencedores, ganhadores da sexta estrela, e no jogo o que importa é ganhar! Entretanto,
como não foi o ocorrido, vem à tona uma série de observações, críticas e
ofensas. E, de repente, o que estava sendo ótimo se transforma no péssimo,
imperdoável e inaceitável.
É, o
Brasil perdeu sete vezes: o jogo, a semifinal, a copa, a copa no Brasil, o
artilheiro da copa, o hexacampeonato, a conquista do hexa em casa! Em
contrapartida ganhou coisas muito mais importantes: melhoria na infraestrutura
(ainda que com problemas), ressuscitou o turismo, ganhou a solidariedade da
seleção alemã, ganhou no intercâmbio cultural, ganhou a alegria de ser a sede
do torneiro de um esporte tão amado por todos. Mesmo assim, seguimos
inconformados com o resultado. Seguimos inconsoláveis.
E
por que sofremos tanto com a derrota de um time em um torneio quando vivemos
num país com tantos problemas sociais? Quando nascemos somos ensinados a amar o
futebol, mesmo que apenas em período de copa. Principalmente na copa! E ao
longo dos anos vamos nos envolvendo com o clima de festa, euforia e felicidade,
e isso faz com que, inconscientemente, assimilemos essa paixão pela seleção
brasileira. Torcer para o Brasil no futebol é quase como “um membro na família”,
e por isso, tudo que atinge a nossa seleção atinge tanto os brasileiros, muitas
vezes mais do que catástrofes com “pessoas estranhas”.
Apesar
da grande tristeza, declaro a minha solidariedade à seleção brasileira que, em
campo, não sofreu menos do que nós. Em vez de explodir em críticas, exponho o
meu apoio à equipe que, com certeza, tentou dar o seu melhor, mesmo com todas
as falhas. E não tenho dúvidas de que a derrota histórica deixou algum
aprendizado a cada um de nós. Para aqueles que dizem que o salário dos
jogadores compensa o sentimento da perda, eu dispenso comentários.
Hoje não foi deflagrado feriado no Brasil, mas, em função do nosso luto, tenho certeza, foi feriado nacional nos corações dos torcedores brasileiros.
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